domingo, 9 de março de 2014

A Mulher de Ontem

Ontem foi o dia internacional da mulher. Vi de tudo. Em especial homenagem de arrependidos. Vi tentativas de homenagens, algumas soando falso. Seri que a mulher deve ocupar todos os espaços, mas não vi como politicamente correta a homenagem da TV Globo. Ao invés de dar folga as suas profissionais as escalaram para fazer horas extras (será que remuneradas?) em toda programação do dia.

O dia da mulher não deveria ser ontem, nem amanhã. O dia da mulher tem que ser hoje, agora e é urgente. No século XXI ainda existem descriminações, salários menores para as mesmas funções, violência doméstica e escravidões diversas.

Embora já não exista nas grandes cidades brasileiras a mulher de ontem, essa não é uma realidade nacional. Nossa sociedade se mostra acomodada neste (como em tantos outros) aspecto. No interior do país se lava honra (masculina) com sangue!

Mesmo nas grandes cidades se a mulher recorrer a uma delegacia não especializada é comum ela ser considerada a protagonista de dissabores experimentados. É comum o policial perguntar o que ela fez para que o ato reclamado acontecesse. Parece que quando o notificante é mulher o policial pode julgar se ela deu causa aos dissabores, mesmo em caso de estupro. O que é pior, nem encaminha a vítima para exame de corpo de delito se julgar, por sua própria consciência, que ela provocou a agressão.

Mas nada é pior, nada mesmo, do que o corriqueiro assédio no trabalho. Homens de bem, com condutas ilibada, incapazes de pecar ou cometerem delitos – segundo sua própria consciência ou conforme seu exclusivo espelho – não enxergam qualquer ilicitude em abordar suas subordinadas ou mesmo colegas de trabalho, constrangendo-as. Até muitas delas acham isso comum e que cabe a elas saberem sair pela tangente evitando tais iniciativas.

Incapazes de se colocar – ou colocar sua filha – no lugar daquela mulher assediada eles seguem impunes, pois difícil provar tais comportamentos e, como sabemos, a palavra de uma faxineira ou auxiliar administrativa valerá muito pouco contra o diretor de uma multinacional e o ato será visto (por machistas) como tentativa de chantagem.

Realmente são controversos episódios que envolvam personalidades e mulheres que ingressam em seus quartos em hotéis. Mas a pergunta que normalmente surge é: “Entrou por que, para que?”.

Será que entrar no quarto de hotel onde está hospedada uma personalidade autoriza a ela estuprar sua visitante? Claro que não. A mulher pode ter ido buscar um simples autógrafo. O que deve ser observado no caso de abuso sexual de qualquer forma são as demais provas que possam ser avaliadas, mesmo seguindo a recomendação que dita: “in dubio pro reu”. 

Assim deve ser sempre. Na dúvida decida-se pelo que for mais favorável ao réu. Meu pai já dizia que é melhor um jurista deixar de condenar cem culpados do que arriscar-se a condenar um inocente. Só que essa máxima não pode permitir ao julgador deixar-se influenciar pelo seu próprio espelho. Ele deve utilizar a visão imparcial recomendada pelo colocar-se no lugar dos agentes da melhor forma possível. Assim se sua própria imagem não der margem a uma reflexão isenta deve usar suas filhas ou outras mulheres que lhe sejam caras.


As homenagens de ontem, Dia Internacional da Mulher, não podem ficar mais uma vez no ontem. Façamos o futuro sempre pensando que ele é a herança que deixaremos a nossos descendentes.
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Borges C. (Toca de Lobo) 
O Contador de Contos 

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A Mansão dos Lord 





As Grutas de Spar

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