Ontem foi o dia internacional da mulher. Vi de tudo. Em
especial homenagem de arrependidos. Vi tentativas de homenagens, algumas soando
falso. Seri que a mulher deve ocupar todos os espaços, mas não vi como
politicamente correta a homenagem da TV Globo. Ao invés de dar folga as suas
profissionais as escalaram para fazer horas extras (será que remuneradas?) em
toda programação do dia.
O dia da mulher não deveria ser ontem, nem amanhã. O dia da
mulher tem que ser hoje, agora e é urgente. No século XXI ainda existem
descriminações, salários menores para as mesmas funções, violência doméstica e
escravidões diversas.
Embora já não exista nas grandes cidades brasileiras a
mulher de ontem, essa não é uma realidade nacional. Nossa sociedade se mostra
acomodada neste (como em tantos outros) aspecto. No interior do país se lava
honra (masculina) com sangue!
Mesmo nas grandes cidades se a mulher recorrer a uma
delegacia não especializada é comum ela ser considerada a protagonista de dissabores
experimentados. É comum o policial perguntar o que ela fez para que o ato
reclamado acontecesse. Parece que quando o notificante é mulher o policial pode
julgar se ela deu causa aos dissabores, mesmo em caso de estupro. O que é pior,
nem encaminha a vítima para exame de corpo de delito se julgar, por sua própria
consciência, que ela provocou a agressão.
Mas nada é pior, nada mesmo, do que o corriqueiro assédio no
trabalho. Homens de bem, com condutas ilibada, incapazes de pecar ou cometerem
delitos – segundo sua própria consciência ou conforme seu exclusivo espelho –
não enxergam qualquer ilicitude em abordar suas subordinadas ou mesmo colegas
de trabalho, constrangendo-as. Até muitas delas acham isso comum e que cabe a
elas saberem sair pela tangente evitando tais iniciativas.
Incapazes de se colocar – ou colocar sua filha – no lugar
daquela mulher assediada eles seguem impunes, pois difícil provar tais
comportamentos e, como sabemos, a palavra de uma faxineira ou auxiliar
administrativa valerá muito pouco contra o diretor de uma multinacional e o ato
será visto (por machistas) como tentativa de chantagem.
Realmente são controversos episódios que envolvam
personalidades e mulheres que ingressam em seus quartos em hotéis. Mas a
pergunta que normalmente surge é: “Entrou por que, para que?”.
Será que entrar no quarto de hotel onde está hospedada uma
personalidade autoriza a ela estuprar sua visitante? Claro que não. A mulher
pode ter ido buscar um simples autógrafo. O que deve ser observado no caso de
abuso sexual de qualquer forma são as demais provas que possam ser avaliadas,
mesmo seguindo a recomendação que dita: “in dubio pro reu”.
Assim deve ser
sempre. Na dúvida decida-se pelo que for mais favorável ao réu. Meu pai já
dizia que é melhor um jurista deixar de condenar cem culpados do que
arriscar-se a condenar um inocente. Só que essa máxima não pode permitir ao
julgador deixar-se influenciar pelo seu próprio espelho. Ele deve utilizar a
visão imparcial recomendada pelo colocar-se no lugar dos agentes da melhor
forma possível. Assim se sua própria imagem não der margem a uma reflexão
isenta deve usar suas filhas ou outras mulheres que lhe sejam caras.
As homenagens de ontem, Dia Internacional da Mulher, não
podem ficar mais uma vez no ontem. Façamos o futuro sempre pensando que ele é a
herança que deixaremos a nossos descendentes.
....................... Borges C. (Toca de Lobo)
O Contador de Contos
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A Mansão dos Lord
As Grutas de Spar
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